sábado, 31 de outubro de 2015

Biblioteca dos Serviços de Cultura da ADL. Uma breve história.

Veja AQUI várias fotografias deste equipamento que em 20-08-2015 passou para a responsabilidade da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, nos termos do Despacho Conjunto n.º 9.507-A/2015 (DR, 2.ª série, n.º 162).


«Ao tempo [1961], a inexistência de estabelecimento congénere numa zona onde proliferavam instituições de ensino (de níveis primário e secundário), colectividades recreativas, muito comércio e alguma indústria, afigurou-se-me ter cabimento a instalação de um organismo desta classe, em benefício da população residente ou flutuante.
Vencidas resistências sem conta, a Junta Distrital acabou por patrocinar a ideia, como meio para “celebrar o quadragésimo aniversário da Revolução Nacional”, segundo consta da acta da fundação, em Junho de 1966.
O projecto alcançou, desde cedo, largo agrado dos escolares e contagiou os adultos, porquanto o horário de abertura se estendia, ininterruptamente, entre as 9h e 20h dos dias úteis. Um livro de Desiderata facilitava a aquisição das espécies apetecidas. A afluência foi engrossando, a ponto de se formarem filas controladas de espera na portaria, para ocupação dos lugares que, eventualmente, fossem vagando.
Comecei, depois, a reparar que, no Jardim Constantino, borboletavam crianças com livros na mão, os quais iam requerer a rudimentar posto municipal ali existente, na quase totalidade de conteúdo desapropriado às suas idades.
De imediato requeri a adaptação de uma das salas a leitura infantil, dotada de espólio e mobiliário adequados. Desafortunadamente, a Administração (com a honrosa excepção do seu presidente) não aprovou a iniciativa. Vali-me, com alicerce na minha anterior prática pedagógica e após consulta pessoal à petizada, da obtenção de livros que desejariam ler, mas cujas economias familiares lho não consentiam. Acorriam em bandos, mas com aprumo comportamental e que ternura vê-los, embrenhados nas suas leituras preferidas, apesar de instalados em cadeiras que não tinham sido programadas para a sua estatura!
Durou anos, este enlevo. Até que, nos anos oitenta do passado século, um presidente da Assembleia pôs termo a esta graciosidade, alegando não apreciar encontrar-se nos elevadores com a chilreada dos inocentes.
Cresceram, entretanto, os fundo bibliográficos, estimulados não só por compra, mas, especialmente, por permuta com publicações – nacionais e estrangeiras – através das nossas próprias edições.
Com boa reputação e dezenas de milhar de obras escolhidas, a frequência passou, depois, a ser maioritariamente universitária dos vários ramos do saber, por aquisição de manuais de maior vulto financeiro. Estudantes que aqui foram cimentando seus cursos, obsequiados pela diligência, interesse e saber de funcionários seleccionados, alguns a frequentarem também cursos superiores. Muitos investigadores procuravam a Biblioteca, onde encontravam resposta a perguntas que noutros pontos não conseguiriam.
Generalista por natureza, e sem deixar jamais de o ser, especializou-se a Biblioteca em revistas periódicas, Estudos Literários, Linguística, Etnografia, História, História da Arte, Estudos Olisiponenses (estes em grande medida constantes do seu sector editorial). Esta plenitude manteve-se entre 1966 e 1991. A partir de então, escolhas de índole financeira uns, de vária natureza os restantes, conduziram-na ao que, presentemente, se observa. Mas a semente, o húmus, permanecem vivos e válidos. Qualquer bibliotecário empenhado saberá fazê-la reflorir e frutificar.»


Maria Micaela Soares, diretora dos Serviços de Cultura, por si criados em 1961, e pelos quais foi responsável até 1991 quando se reformou. Excerto da carta que dirigiu aos autarcas da Assembleia Distrital de Lisboa, apresentada na reunião de 17-10-2014 e que pode ler AQUI na íntegra.

Património museológico ao abandono.

Mais informação AQUI.

Em 20 de agosto do corrente ano (através do Despacho Conjunto n.º 9.507-A/2015, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 162) o Museu Etnográfico de Vila Franca de Xira, inaugurado em 1973 pela Junta Distrital de Lisboa, herdado após o 25 de abril de 1974 pela Assembleia Distrital de Lisboa e gerido pelo Governo Civil de Lisboa de março de 1991 até novembro de 2011, data em que regressou à ADL, passou para a responsabilidade da Direção-Geral do Património Cultural na sequência da extinção dos Serviços de Cultura por aplicação da Lei n.º 36/2014, de 26 de junho.
Todavia, desde então e até ao presente, decorreram já setenta dias do mais absoluto e inexplicável silêncio por parte da DGPC (que nem ainda sequer se preocupou em tomar posse das chaves das instalações), situação que tem vindo a contribuir para o agravar dos problemas inerentes à conservação das peças museológicas cuja degradação se acelerou, quiçá de forma irreversível, em virtude de aquele equipamento se encontrar encerrado há vários meses sem qualquer manutenção, nomeadamente ao nível do indispensável arejamento e limpeza regular das instalações.
O que terá a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira a dizer sobre o assunto?

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Ainda por lá está.


Esta foi a última exposição realizada na Biblioteca dos Serviços de Cultura da Assembleia Distrital de Lisboa. Inaugurada em março/2015 continua afixada nos painéis de uma sala vazia, definitivamente encerrada desde 20 de agosto último.

O (re)começo.


Esta foi a última notícia publicada na página oficial da Assembleia Distrital de Lisboa e que foi recentemente (a semana passada) encerrada deixando de ser possível consultar a documentação existente no servidor, motivo pelo qual se tomou a iniciativa de criar este espaço que, por enquanto, está ainda em construção.
Relativamente ao conteúdo da informação há, apenas, uma evolução positiva: a trabalhadora colocada na "situação de requalificação" reiniciou funções em 15-09-2015 na Direção-Geral das Autarquias Locais.
Quanto ao resto, continua tudo na mesma. Ou seja, embora identificadas as entidades a quem coube as várias componentes da Universalidade Jurídica da ADL, apenas a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) tem mostrado preocupação pelos bens que recebeu diligenciando algumas iniciativas no sentido da sua preservação.
O Museu Etnográfico está em completo estado de abandono (o que é de lamentar) e o Passivo por liquidar, ocorrência especialmente gravosa no que se refere aos créditos laborais em particular da trabalhadora que ficou com 12 meses de salário e 2 subsídios de férias em atraso, a que se juntam 24 dias de férias não gozadas também por receber.